terça-feira, 12 de junho de 2007

Eu não estava lá!

Dr. Thiago Schmitd

Aparentemente estou casada. Existe uma aliança em meu dedo e um homem, se é que se pode chamar aquilo de homem, insistindo que é meu marido. Marido. Marido! E eu lá ia querer um marido agora? Muito cedo em idade e muito cedo em carreira. Ainda mais sendo uma massa andrógena de gordura e pêlo. Credo! Mas, voltando à situação...

Segundo meu "marido", a gente se conheceu na pré-estréia de Homem Aranha 3. Ok. Comprei ingressos antecipados. Mas não lembro de ter ido. Conversamos na fila, sobre os dois primeiros filmes, e, claro, sobre como seria o terceiro. Sentamos um ao lado do outro, e, segundo o "senhor meu marido", eu o beijei numa cena romântica qualquer.

Após essa nojeira, saímos do cinema sem ver o fim do filme, coisa que nunca faço. Falávamos de amor à primeira vista e todas essas baboseiras que românticos acreditam. Nesse ponto da história até parei de protestar. Como sabes, eu demoro milênios para me envolver de verdade com alguém e meu nível de romantismo é quase equivalente ao de um homem comum. Deduzi que fui tomada por uma entidade, espírito, ou coisa parecida. E o pior, uma entidade cega, sem tato, sem olfato e romântica. Assim sendo, declarações, juras e jantar.

Durante o jantar, tudo ficou ainda mais “perfeito”. Ambos amam gatos. Tenho pavor a gatos. Ambos perderam os pais com exatos nove anos. Meus pais vão muito bem, obrigada. Além de outras mil “coincidências”. Comemos, bebemos, rimos, e o gordo me pediu em casamento. E eu, ao invés de bater nele ou sair correndo, não só aceitei como lamentei não poder ser naquele momento. “Alope”, como nos filmes. “Aí que você se engana, meu amor...”

Não é que o gordo era podre de rico? Em menos de meia hora estávamos num jatinho rumo a Las Vegas, algumas horas depois estávamos casando numa capela cafona de Elvis Presley, mais outras horas e estávamos de volta a Porto Alegre, num hotel. Desculpe-me não dar mais detalhes, mas eu não suportaria mais detalhes.



Tudo que sei de verdade, é que, um dia antes da tal pré-estréia do Homem Aranha, que também seria um primeiro aniversário de namoro, o dito namorado me largou. Disse que eu era fria e distante. Além disso, meu querido chefinho roubou a empresa, fugiu e deixou-a quebrada e eu desempregada. Então resolvi abrir o Johnny Black que comprei para o namorado e comecei a beber. Acordei num hotel, dois dias depois com outro estado civil. Algo que achava impossível de acontecer em Porto Alegre. Não deveria ter acontecido! Peço portanto, Dr. Schmitd, que ache, como meu advogado, uma brecha, para invalidar essa união a qual eu sequer estava presente.


Obrigada.
Sofia Velara

Um comentário:

Anônimo disse...

adorei ler seu blog. Beijo