segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Bela manhã

Batidas na porta do quarto. Ricardo Brunno se arrasta pra fora da cama enquanto ouve: "Serviço de quarto." Ricardo grunhe para a pessoa entrar. Um refinado garçom entra com um carrinho que carrega uma bandeja de café da manhã que inclui uma fatia de melão amarelo, café, duas fatias de torrada, manteiga, uma Zero Hora e um vaso delicado com uma margarida. "Senhor Brunno, seu café."
O garçom se move em direção a janela. Ricardo pega a xícara, serve o café, toma um gole, abre melhor os olhos, enxerga o jornal e em seguida o resto da bandeja. "Moro há dois anos nesse hotel e ainda há quem erre absolutamente tudo no meu café. Jornal errado, melão errado, flor errada e se essa urina é dos meus grãos colombianos, tu és o dono desse hotel. E fecha essas cortinas que não posso com esse sol." O serviçal fecha as cortinas. "Sim senhor. Farei as correções necessárias." "Meu banho dura 15 minutos." O garçom sai.

Ricardo entra em baixo do chuveiro, e, como diariamente, abre toda a torneira, encosta o queixo no peito e deixa toda a pressão da água em sua nuca, conta até 20, levanta a cabeça, alonga o pescoço e grita enquanto levanta os braços. Toma seu banho. Ao sair, põe seu roupão, faz cuidadosamente a barba, aplica mousse nos cabelos ondulados e os desarruma levemente. Se admira por alguns segundos, sorri e vai para o quarto.

Outra bandeja com melão espanhol, Folha de São Paulo, e uma Gerbérea o espera. Ricardo senta virado para a paisagem de prédios, serve o café, pega o jornal, dá um gole, sorri, e continua a ler e tomar seu café lentamente.

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